CANTO DOS EXILADOS

Haberkorn, Werner


Fotógrafo
Alta Silésia, 12.3. 1907 - São Paulo, 1997
No Brasil, 1936, de 1937 a 1997


Haberkorn, nascido em 12.03.1907 na Alta Silésia, região que integrava então a Alemanha, conviveu com a fotografia desde sua infância, acompanhando seu pai como fotógrafo amador, do qual adota o hobby. Em 1936, o jovem diplomado em engenharia de máquinas visita o Brasil. Seu objetivo era documentar as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. As imagens realizadas serviriam para ilustrar palestras que proferirá a seguir na Alemanha para a comunidade judáica decidida a deixar o país em função do governo nazista.
Em 1937, Werner retorna ao Brasil, onde se estabelece, atuando inicialmente como representante comercial de empresas alemãs. No ano seguinte, seu irmão Geraldo diploma-se na Alemanha em fotografia e, em 1939, migra também para o Brasil, já como representante do sistema de fotocromia Bermpohl. Geraldo, que após a chegada em São Paulo trabalhará por um período na Fotóptica, associa-se em seguida ao irmão criando a Fotolabor. Estabelecidos na Avenida São João, próximo a praça do Correio, atuam em áreas como fotocópias, fotografias em porcelana e produzindo imagens para catálogos de empresas industriais e comerciais. O mercado de fotocópias tornava-se gradativamente uma fonte de renda importante, no qual tomará parte nos anos seguintes um dos segmentos da família Arroyo, proprietária da Cinótica.
Essa configuração adotada por empresas fotográficas na primeira metade do século reflete as dimensões do mercado e as sazonalidades de cada segmento. Alguns estúdios especializados, por exemplo, em retratos para formatura, um nicho promissor para vendas, tinham necessidade de contrabalançar a concentração de pedidos no segundo semestre atuando em outros setores. A produção de catálogos industriais e comerciais apresentavam, segundo depoimento de Werner Haberkorn, uma concentração de pedidos entre fevereiro e agosto. A variação no múmero de serviços de laboratório por sua vez obedecia a outro padrão.
No início dos anos 40, a Fotolabor passa a editar postais. Primeiro, da forma usual, em cópias fotográficas. A formação técnica como engenheiro de máquinas permitiu que Werner desenhasse seus equipamentos para processamento automático. A demanda cresceu e permitiu empregar até 40 funcionários entre fotógrafos, laboratoristas e operadores. Os temas eram cenas urbanas do Rio de Janeiro e São Paulo, hotéis e estâncias, artistas e futebol. Estes dois últimos itens indicam como o formato postal ganhava espaço como veículo de apoio a grandes esquemas de entretenimento.
O mercado de postais ao final dos anos 40 apresenta-se, aparentemente, em expansão refletindo o crescimento da cidade de São Paulo, centro industrial e migratório em desenvolvimento. A concorrência exige assim a adoção contínua de novos diferenciais. Ainda nos anos 40, Werner, por exemplo, passa a oferecer séries de vistas aéreas da cidade.

Fonte: https://fotoplus.com/fpb/fpb005/b005c.htm#bk1.