Uma ponte entre o "Mundo de ontem" e a Áustria de hoje

Hans-Peter Glanzer

Prezado Senhor Alberto Dines;
Prezados Senhores Cônsules-Gerais;
Prezados Representantes das Instituições culturais do Rio de Janeiro;
Prezados Representantes da cidade de Petrópolis;
Prezados Senhoras e Senhores cooperadores da Casa Stefan Zweig:

É uma alegria imensa para nós, o Sr. Cônsul-Geral Steinberger, sua esposa e eu, poder cumprimentá-los ao ensejo deste evento especial que se realiza na Residência do Cônsul-Geral da Áustria no Rio de Janeiro: o Presidente Federal da Áustria condecorou Vossa Excelência, Senhor Alberto Dines, com a Medalha da Ordem do Mérito Austríaca da Ciência e da Arte. Coube-me a grande honra de lhe fazer a entrega desta comenda.

Prezado Senhor Alberto Dines,

O senhor é um dos mais renomados jornalistas brasileiros. Trabalhou em vários jornais e revistas do Brasil e de Portugal e também dirigiu vários deles. Ganhou notoriedade também por sua militância em favor da liberdade de imprensa, inclusive nos tempos da ditadura militar. Sempre dedicou atenção especial à formação profissional dos jornalistas. Entre outras atividades, exerceu a função de professor visitante na célebre Columbia University em Nova York, tendo fundado Centros de Estudos de Jornalismo no Brasil e em Portugal.
Ao lado de todo esse engajamento jornalístico, o senhor ainda encontrou tempo para se dedicar profundamente à obra e à vida do grande escritor e humanista austríaco Stefan Zweig. Fugindo do regime de terror nazista, e após várias escalas em outros países, ele encontrou acolhida no Brasil, assim como outros milhares de perseguidos. O livro “Morte no Paraíso: A Tragédia de Stefan Zweig” é, sem dúvida, a obra de referência sobre a estada do escritor no Brasil. Ali, você descreve, de forma impressionante, a última etapa da vida dele, uma vida que terminou tragicamente, corroída pela tristeza pela perda da pátria espiritual e cultural, que Stefan Zweig expressou, de forma tão dramática, em sua autobiografia “O Mundo de Ontem”, e pelo desespero causado pelo nazismo.
O senhor ainda teve o privilégio de se encontrar pessoalmente com Stefan Zweig. Esse encontro, ocorrido na Escola Israelita, no Rio de Janeiro, certamente foi o ponto de partida para uma ocupação permanente com Stefan Zweig tornando-se, assim, um profundo experto de sua vida e obra.

Prezado Senhor Alberto Dines,

Outro resultado concreto de seu engajamento é a Casa Stefan Zweig, em Petrópolis, cuja fundação se tornou possível graças, em grande parte, aos seus esforços incansáveis nesse sentido. Aqui não se deve recordar apenas a vida e obras de Stefan Zweig, mas também a fuga e o exílio de cientistas e artistas que tiveram de se refugiar ao Brasil, fugindo do nacional socialismo. Devemos também, saudar o envolvimento de jovens austríacos que trabalham aqui, na Casa Stefan Zweig, no âmbito do Serviço Austríaco de Memória do Holocausto, contribuindo, assim, para esse trabalho da memória. Com isso, está se construindo uma ponte entre o “Mundo de Ontem” e a Áustria de hoje, moderna e democrática.
Pelos seus esforços em prol da memória da Shoa e de outros crimes do nacional socialismo, o Senhor - Alberto Dines, foi condecorado pelo Serviço Austríaco de Memória do Holocausto em 2007, com o “Prêmio Austríaco do Memorial do Holocausto”.

Prezado Senhor Alberto Dines,

Esta condecoração, do mais elevado órgão austríaco, representa uma homenagem ao senhor, por sua longa dedicação à vida e obra de Stefan Zweig e por sua importante contribuição para o estreitamento dos laços de amizade entre a Áustria e o Brasil. Permito-me, agora, proceder a entrega da Insígnia e respectivo Ato de Nomeação, bem como da carta de saudação do Ministro Federal da Ciência e Pesquisa da Áustria.