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![]() Lewinsohn, Richard ![]() Jornalista de economia, autor de livros sobre temas econômicos Graudenz, Alemanha (Prússia Oriental), 23.9. 1894 - Madrid, 9.4. 1968 No Brasil, de 1940 a 1952 Lewinsohn foi um dos mais importantes jornalistas de economia da Républica de Weimar, tendo trabalhado para o “Berliner Börsencourier” e para o “Vossische Zeitung” e escrito artigos para a “Weltbühne” sob os pseudônimos de Morus e Campanella. Em 1933 emigrou para Paris. Retiraram-lhe a cidadania cinco anos mais tarde. Na Fraca Lewinsohn redigiu artigos para o “Neues Tagebuch”, publicado por Leopold Schwarschild. Em 1936 esteve envolvido no escândalo em torno do “Pariser Tageblatt”. O dono do jornal, Wladimir Poliakov, tinha justamente designado Lewinsohn como novo editor, quando foi acusado pela redação do jornal de ter se vendido aos nazistas. As divergências ideológicas entre adeptos e adversários da Frente Popular assumiram proporções ameaçadoras após o atentado contra Lewinsohn. A questão da suposta traição de Poliakov foi refutada após meses de investigação por parte de comitês judaicos independentes. Lewinsohn foi defendido por outros exilados. Mas a questão em torno do “Pariser Tageblatt” dividiu ainda mais a emigração parisiense. Em 1939 Lewinsohn foi internado no Stade de Colombes e em outros campos no centro da França. Somente em 1940 ele conseguiu fugir para o Brasil. Não são conhecidas as circunstâncias em que obteve o visto. Como as restrições contra a entrada de judeus já estavam em vigor, é provável que tenha conseguido o visto com ajuda do embaixador Souza Dantas que muitas vezes soube contornar essas restrições. No Rio de Janeiro Lewinsohn fundou, com o beneplácito do governo brasileiro, um Instituto de estudos conjunturais, que editava a revista “Conjuntura Econômica”, publicada até hoje. “O instituto parecia ter alguma ligação com a Universidade do Rio de Janeiro – de qualquer forma Lewinsohn tornou-se também na época professor para ciências econômicas na universidade”. Em 1942 Lewinsohn trabalhou também para o DASP – Departamento Administrativo so Seviço Público – criado em julho de 1938 pela ditadura Vargas. Depois da declaração de guerra do Brasil à Alemanha e à Itália, Lewinsohn e seu colega Giorgio Mortara, temem judeu e exilado no Brasil, tornaram-se vítimas de uma campanha veiculada na imprensa e promovida pelo procurador do Tribunal de Contas. “Seus serviços (de Lewinsohn) podem ser úteis para a abertura de estradas, que necessitamos para a nossa comunicação interna, perturbada pelo atentado extremamente cruel, louco e ofensivo contra nossa soberania. O fato de que o reponsável é judeu não o libera da nacionalidade alemã. Disfarçado de judeu, supostamente perseguido pelo regime nazista, ele é suficientemente alemão para continuar servindo a esse regime, abusando de nossos sentimentos e de nossa generosa hospitalidade. Um alemão e sempre um alemão de todo coração seja adepto ou não do regime nazista”. A estupidez dessa acusação e, sobretudo a ignorância nela manifesta existiam na época, certamente, entre muitos brasileiros. Mortara demitiu-se do DASP depois desse escândalo. Não se sabe se Lewinsohn tomou a mesma atitude. Como já mencionado, Lewinsohn pôde publicar no Brasil algumas de suas obras sobre assuntos econômicos. Em 1952 Lewinsohn voltou para a Europa, fixando-se na França. Lá trocou de atividade: passou da economia para a música. Tornou-se critico musical e compôs uma ópera intitulada Jim Fisk. Fonte: Izabela Maria Furtado Kestler, Exílio e Literatura, São Paulo: Edusp, 2003. ![]() |