Briesen, Prússia Ocidental, Alemanha, 1881 — Buenos Aires, 1946
Escritor, poeta, dramaturgo, jornalista, pacifista
Ambos poetas e admiradores do belga Émile Verhaeren e da literatura francesa, o alemão Paul Zech e o austríaco Stefan Zweig conheceram-se antes da Primeira Guerra Mundial que os transformou em intransigentes pacifistas. A amizade manteve-se até o exílio na América do Sul, onde ambos morreram - Zweig em Petrópolis, em 1942, e Zech na Argentina, em 1946. A volumosa correspondência entre os dois começou em 1910 (publicada pela Fischer, 1986) e interrompeu-se poucos dias antes do suicídio, quando Zweig, em carta ao amigo, de 4 de fevereiro, deixou pistas sobre suas intenções: “Sobre os meus próximos compromissos você breve terá notícias diretas ou indiretas através do meio que tanto detesto.” Zweig detestava o rádio.
Zech foi uma personalidade controvertida e tinha mania de manipular o seu currículo vitae a seu bel-prazer. Desde cedo, foi um prolífico escritor e poeta. Escrevia poesia desde 1901, quando ainda morava em Wuppertal. Em 1912 mudou-se para Berlim, onde se aproximou de círculos literários e conheceu o também escritor Franz Werfel. Suas primeiras traduções de Émile Verhaeren, venerado por Stefan Zweig, datam de 1913. Pouco depois da eclosão da Primeira Guerra Mundial, Zech se alistou voluntariamente. O entusiasmo inicial pela guerra logo deu lugar ao ceticismo. Seus ferimentos por uma granada de gás tóxico deixaram sequelas para o resto da vida. Em 1916, chegou a publicar uma carta de Verhaeren supostamente dirigida a ele, em que o autor belga se revelava conciliador e pacifista em vez de hostilizar os alemães. A carta, publicada em um jornal de Berlim, chegou a gerar uma controvérsia entre a Alemanha e a Bélgica.
Em marco de 1933, Zech foi demitido do cargo de bibliotecário pela sua proximidade com o Partido Social-Democrata. Pouco depois, foi investigado em um caso de roubo de livros. Fugiu via Viena e Trieste para Montevideu e Buenos Aires. Lá, viveu na miséria - foi pianista num bar da Boca, vigia noturno, vendedor ambulante - ajudado por Zweig e pelo cineasta William Dieterle, refugiado em Hollywood, até morrer, em 1946. Temperamento difícil, brigou com todo o mundo, inclusive com o irmão que vivia em Buenos Aires, conseguiu sua entrada na Argentina e o ajudou financeiramente. Também brigou com os proprietários do Argentinisches Tageblatt, jornal em que colaborava. Encontrou-se com Zweig na capital platina em 1936 e 1940. Zech descreveu os encontros como “apressados”. O segundo foi compartilhado com Lotte, de quem Zech oferece um retrato muito carinhoso.
A lista das obras de Zech inclui dúzias de títulos (a lista completa está em Ward B. Lewis, Poetry and Exile. An Annotated Bibliography of the Works and Criticism of Paul Zech (Berna e Frankfurt/M. 1975). Entre as obras reeditadas ao longo das últimas três décadas estão: Die lasterhaften Balladen und Lieder des François Villon. Nachdichtung von Paul Zech. Mit einer Biographie über Villon [As imorais baladas e canções de François Villon. Recriação de Paul Zech. Com um abiografia de Villon]. München, dtv, 1962, Deutschland, dein Tänzer ist der Tod [Alemanha, a morte é a tua dançarina], ein Tatsachen-Roman. Frankfurt/Main 1984, Michael M. irrt durch Buenos Aires [Michael M. vaga por Buenos Aires]. Rudolstadt 1985, Von der Maas bis an die Marne. Ein Kriegstagebuch [Do Maas ao Marne. Um diário de guerra]. Rudolfstadt 1986, Paul Zech Lesebuch [O livro de leituras de Paul Zech]. Org. de Wolfgang Delseit. Colônia 2005.
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