Vicuña, Chile, 1889 — Nova York, 1957
Poeta, Prêmio Nobel de Literatura
Lucila María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga nasceu em uma aldeia no norte do Chile e começou a trabalhar como professora primária aos 15 anos. O suicídio de seu noivo, em 1907, marcou sua vida e sua obra. Assinando com o pseudônimo de Gabriela Mistral, uma homenagem a seus poetas prediletos, o italiano Gabriele D'Annunzio e o provençal Frédéric Mistral, ficou famosa ao vencer um concurso de poesia, os Juegos Florales de Santiago, com os “Sonetos de la muerte”, em 1914. Seu primeiro livro de poesias, Desolación, de 1922, incluiu o poema “Dolor”, em que falava da perda do noivo.
Além de colaborar nas reformas do sistema educacional do México e do Chile, foi cônsul do Chile em Nápoles, Madri, Lisboa e Rio de Janeiro. Em 1945 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Lecionou literatura espanhola na Universidade de Columbia.
Embora no Congresso Internacional dos PEN Clubes realized em Buenos Aires em 1936 Zweig tivesse convivido com a escritora, agitadora cultural e grande amiga de Gabriela Mistral, a argentina Victoria Ocampo, tudo indica que seu encontro com a poeta chilena aconteceu no Rio em 1940, pouco antes de sua segunda visita a Buenos Aires. Gabriela era então cônsul do Chile na capital federal, e teriam sido apresentados pelo ministro plenipotenciário de Cuba no Brasil, o escritor Alfonso Hernandez Catá, com quem Zweig manteve fortes laços de amizade. Tornaram a se encontrar ainda no mesmo ano, também por causa de Catá, porém num momento particularmente triste – a homenagem póstuma presidida pelo chanceler Oswaldo Aranha ao diplomata Catá, falecido pouco antes num pavoroso desastre aéreo na praia de Botafogo. Zweig falou em nome dos escritores europeus e Gabriela Mistral em nome dos latino-americanos. A única foto existente de Gabriela Mistral e Stefan Zweig foi feita na ocasião.
Quando Gabriela Mistral se mudou de Niterói para Petrópolis, intensificou-se a amizade entre ambos, porque na sua segunda viagem à Argentina Zweig conheceu diversos amigos da poeta chilena, entre eles o escritor e jornalista Eduardo Mallea, também colaborador e amigo de Victoria Ocampo. Instalados em Petrópolis em 1941, Stefan e Lotte visitaram a poeta em sua casa, e esta, acompanhada do sobrinho e da secretária, também visitou os Zweig.
Gabriela Mistral foi avisada por telefone da morte do casal Zweig poucas horas depois do suicídio, pelo escritor e diplomata Domenico Braga, assíduo frequentador de Petrópolis e amigo de ambos. Dirigiu-se imediatamente ao bangalô da rua Gonçalves Dias a tempo de encontrar os corpos do casal ainda deitados na cama. Impressionada com o quadro tétrico, escreveu uma longa carta ao amigo comum Mallea, na época editor do suplemento literário do prestigioso diário portenho La Nación, que foi publicada na íntegra na edição de 3 de março de 1942. Junto encaminhou uma resenha altamente elogiosa de um livro de Mallea que Zweig lhe entregara semanas antes. O relato da poeta é uma das mais belas e comovidas páginas sobre a morte de Stefan Zweig.
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