Feder, Ernst Escritor, jornalista Publicou, no Brasil, a obra Diálogos dos grandes do mundo. Estudos históricos e literários, editora Dois Mundos, Rio de Janeiro. Seus diários estão arquivados no Instituto Leo Baeck, Nova York. Feder pertence ao grupo de jornalistas burgueses de esquerda na República de Weimar atropelados pela inevitável radicalização política e forçados ao exílio. Entre 1919 e 1933, foi responsável pela editoria de política do influente jornal Berliner Tageblatt. Foi também membro do DDP (Deutsche Demokratische Partei, Partido Democrata Alemão), um dos partidos democráticos que a radicalização política a partir de 1930 condenou à obscuridade. Ameaçado de prisão, fugiu para Paris, passando pela Suíça. A partir de 1933, Paris tornou-se o centro do jornalismo burguês de esquerda e da política no exílio, e Feder participou da criação do mais conhecido jornal do exílio, o Pariser Tagesblatt. Quando a França foi invadida, Feder, tentou obter um visto para os Estados Unidos, pedido negado sob alegação de que já havia um grande número de jornalistas alemães nos Estados Unidos. Feder contatou então o representante do Committee em Marselha, Varian Fry, que o pôs em contato com a embaixada brasileira em Vichy. Apesar da proibição da admissão de judeus, o embaixador Souza Dantas encaminhou o pedido de visto de Feder ao Brasil. Em carta de 7 de fevereiro de 1941, a embaixada informou que Feder e sua mulher receberiam vistos permanentes para o Brasil. Além disso o embaixador lhe deu uma carta de recomendação para o jornal A Noite, no Rio de Janeiro. Feder chegou ao Brasil em julho de 1941 e logo tornou-se um jornalista conhecido. Segundo sua mulher, Erna Feder, ele aprendeu o português em um ano. No jornal A Noite, publicava diariamente um comentário sob o pseudônimo de Spectator. No final dos anos 40, Feder trocou a profissão de jornalista por um posto de direção na sociedade judaica de auxílio “Joint Distribution Commitee”. No Rio de Janeiro e em Petropólis, Feder fez parte do círculo íntimo de Stefan Zweig e foi o último a vê-lo com vida. No seu livro, publicado no Rio de Janeiro, Diálogos dos grandes do mundo. Estudos históricos e literários (Begegnungen. Die Grossen der Welt im Zwiegespräch. Esslingen, Bechtle,1950) ele narra, no estilo de Zweig, encontros que influenciaram de forma decisiva a vida de pessoas importantes ou de países. Também escreveu diversos ensaios sobre a figura de Goethe, personagem-símbolo da resistência intelectual dos emigrados (conferência Goethes Liebe zu Brasilien, amor de Goethe pelo Brasil, Ijuí, Verlag Ulrich Löw 1950). Em 1957, Feder voltou para Berlim. Quando morreu, em 1964, estava praticamente esquecido. Fonte: Izabela Maria Furtado Kestler, Exílio e Literatura, São Paulo: Edusp, 2003. |